Exposição 50 Anos da Bossa Nova no Ibirapuera termina domingo

Criado por Letícia Castro em em 05/09/2008

Neste domingo, 07, chega ao fim a exposição “Bossa na Oca”, em comemoração aos 50 anos da Bossa Nova. Aberta ao público desde o dia 08/07, a exibição terá entrada gratuita durante esta última semana e a visitação ocorre das 10h às 21h. São quatro andares com projeções, espaços reservados e muita música para quem queira conhecer de perto a história do ritmo que revolucionou a música no final da década de 50, no Brasil e no mundo. O Babel esteve na Oca esta semana e traz, com exclusividade para os seus leitores, alguns flashes da mostra. Veja abaixo.

TÉRREO

Na planta baixa da Oca, o visitante se depara com uma linha do tempo que mostra os anos dourados da Bossa e o que acontecia no Brasil e no mundo no âmbito das artes, em geral. Música, cinema, artes plásticas, é uma trajetória completa de 58 a 65, com os maiores ícones da época.

À esquerda, o público encontra seis jukeboxes (vitrolas eletrônicas), instalados nas janelas do prédio, onde se pode escolher diretamente da tela virtual, os maiores sucessos do ritmo, cantados por seus principais protagonistas. Há também gravações menos conhecidas que valem a pena conferir.

1o. e 2o. andares

Sobre como o gênio João Gilberto desenvolveu o ritmo, Luis Tatit, titular de Lingüistica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, explica, “João Gilberto incorporou uma harmonia dissonante, que era uma coisa que a canção brasileira não precisava para as músicas anteriores. Ele queria exatamente transferir aquela emoção do canto para os acordes. Então, começou a fazer acordes requintados, em que a emoção já está neles, não precisa variar tanto o canto. Daí a eliminação dos excessos, cantores cantando com vozes excessivamente afetadas, aquela coisa da voz grandiloqüente, tudo isso foi deixado de lado no sentido de mostrar o que era a canção pura, o que é uma composição pura, uma letra e melodia cantadas no nível da voz que fala.” Estas e outras frases se espalham em painéis pelo segundo andar, como um testemunho dos próprios autores sobre a Bossa Nova. Citações de Tom Jobim, Caetano Veloso e autoridades no assunto relatam como o estilo ganhou vida e suas influências provenientes de outros ritmos como o samba e o jazz norte-americano.

Ainda no segundo andar, três espaços exibem documentários sobre a trajetória dos grandes mestres, principalmente Tom e Vinícius, em salas desenvolvidas para o total conforto do visitante, com projeções gigantes nas paredes do edifício. Pufes, sofás e banquinhos dispostos como assentos de uma orquestra, com partituras, o público se delicia com as imagens e histórias inusitadas de compositores e atuantes do movimento. Há também uma câmara escura em completo silêncio com o intuito de aguçar o ouvido do visitante para a melhor apreciação do som da Bossa. No terceiro andar, uma projeção do mar no teto convida a platéia a acomodar-se em um longo sofá e recostar a cabeça em um apoio do qual saem as melodias que marcaram a época.

SUBSOLO

No subsolo, uma atração inesperada: a praia de Copacabana é trazida para São Paulo em uma remontagem do famoso calçadão e da areia que, na verdade, trata-se de pó de mármore, devido a dificuldades técnicas de se manter o material dentro do ambiente fechado. Dez painéis eletrônicos trazem em vídeo outros personagens, seus relatos e performances inesquecíveis. Por falar em performance, no setor “O Reencontro”, um palco montado exibe uma projeção virtual, como uma ilusão de mis-en-scéne, de interpretações variadas do sucesso mais regravado na história da Bossa. “Garota de Ipanema” ecoa nas vozes de grandes intérpretes de todo o mundo. Na sala com o tema “Clarão”, um documentário de 24 minutos explica como tudo começou, as influências e as personalidades envolvidas até o declínio do período de ouro, com o golpe militar de 64. A projeção internacional e a repercussão da Bossa Nova em todo mundo, o ritmo que virou febre e mudou a opinião estrangeira sobre o Brasil, são o ápice do documentário. Quem estiver por São Paulo até domingo ainda tem a chance de ir apreciar a exposição. O Pavilhão Engenheiro Lucas Nogueira, a Oca, fica no Parque do Ibirapuera, na avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 03, no bairro do Paraíso. Outras informações: (11) 3883-9090.

Arte e fotos: Letícia Castro

Aqui se fala português
Comentários (22)
  1. Milouska comentou, em 06/09/2008:

    Sou portuguesa e adoro a MPB.
    Ainda recordo concertos transmitidos em Potugal pela TV com Vinicius, Tom Jobim e tantos outros compositores de mão cheia… E lembro-me, também, de Elis Regina,uma das grandes Divas da música popular brasileira. Que saudades!…
    Adorava poder ver essa mostra!
    Obrigada por esse “cheirinho” no seu artigo.
    Bjo,

    milouska

    Responder
  2. Catarino comentou, em 06/09/2008:

    Bela reportagem, pena que não podemos visitar.
    Desejo que tenha um ótimo final de semana.

    Responder
  3. Luciano comentou, em 06/09/2008:

    Parabéns,Babel!
    Bela reportagem e ótimas fotos!
    Como sempre o Babel encantando sem desafinar. (Percebeu? ahahaha)
    Sei que o trocadilho foi infame, mas nada que tire o brilho da matéria pereita.
    Beijos e até o próximo o post.

    Responder
  4. LETÍCIA CASTRO comentou, em 06/09/2008:

    O trocadilho foi perfeito! hehehe

    Responder
  5. Wander Veroni comentou, em 06/09/2008:

    Oi, Letícia!

    Simplesmente eu amo BOSSA NOVA!!!

    Essa exposição tinha que vir para BH também…heheheh. Lê, as fotos, as legendas e o modo como vc as colocou ficaram ótimas.

    Aqui em BH, a Rádio Inconfidência tem um programa de segunda a sexta, às 13h, q só toca bossa nova, tanto as mais pops, qto as antológicas. Temos mta sorte de viver num país que tem tantos ritmos e história musical tão bela.

    Li umas cinco vezese achei a matéria ótima!Pode vender esse material como freela, que com toda certeza, só um editor que foi mto tapado não vai querer usar tudo isso.

    O mais bacana é que dá para ver que os artistas conseguiram reciar uma galeria de arte em cima da Bossa Nova.

    A foto do calçadão é um convite para colocar o pé descaço na areia.

    O BABEL sempre arrasando nas reportagens! Parabéns, minha amiga!

    Adorei seu comment lá no Café. Saiba q tb sou seu fã # 1, ou melhor, 1.1 pra não causar ciúmes aí no Luciano…heheh…rs.

    Bjão,

    =]
    __________________________
    http://cafecomnoticias.blogspot.co

    Responder
  6. Yuri comentou, em 06/09/2008:

    pelos menos pelas fotos dá pra ver q estretura eh boa..;

    Responder
  7. Luly comentou, em 06/09/2008:

    Programão, hein?

    Quanto ao teu blog, ele é MUITO chique! Isso é que é blog profissional!

    Vc é jornalista especialista em línguas?? QUe máximo! É o que eu pretendo ser qdo terminar a faculdade! Eu faço estágio no jornal da Unesp, e estou cursando Tradução (inglês e italiano).

    Amei!

    sucesso!

    http://www.rosas-inglesas.blogspot.com

    Responder
  8. dudalak comentou, em 06/09/2008:

    muito maneiro! adorei ter lido essa matéria, porque num tempo em que muitos menosprezam a cultura brasileira, existem muitos mais que apreciam ela! e é muito legal
    pena que eu moro longe e nem tem como eu ir :(

    Responder
  9. Daniel Leite comentou, em 06/09/2008:

    Sou um fã deste ritmo. Uma coalizão entre samba e jazz, dando um requinte de que nossa música precisava, fez da brasileira uma das melhores melodias do mundo. A descrição da atitude de João Gilberto foi perfeita.

    É fantástico poder reconhecer grandes nomes, acompanhar suas histórias e apreciar suas obras. Por isso, são importantes as exposições. Por isso também, deixará saudade a mostra do Ibirapuera.

    Até mais!

    Responder
  10. Kerol comentou, em 06/09/2008:

    Adorei poder ter conhecido a exposição, não estava com ânimo, pois achava o preço um tanto quanto abusivo, porém poder curtir, aprender sobre esse pedaço tão importante da nossa cultura de graça…não tem preço!

    Responder
  11. LETÍCIA CASTRO comentou, em 07/09/2008:

    Hehehe engraçadinha… rs

    Responder
  12. Riso Certo comentou, em 07/09/2008:

    eu queria ir, mas moro no RJ.

    =/

    Responder
  13. Andre comentou, em 07/09/2008:

    Excelente post! E excelente exposicao – pena nao poder desfruta-la…
    beijos

    Responder
  14. Rodrigo Piva comentou, em 07/09/2008:

    Ótimo passeio, vale a pena!!! :-)
    Beijo

    Responder
  15. Fernanda Fernandes Fontes comentou, em 07/09/2008:

    Ah, eu quero esta exposição no Palácio das Artes ak em BH…snif…rs…que td! Nossa, e adorei suas informações. Realmente, a emoção da música está nos acordes, e nem tanto na voz dos cantores…e é este um grande diferencial…adoro Bossa Nova!

    E adorei seu blog, parabéns!

    Passa lá qdo der:
    http://degustacaoliteraria.blogspot.com/

    Abraços!

    Responder
  16. Nyca Cardia. comentou, em 07/09/2008:

    Adoro Bossa Nova!
    Nossa, como eu gostaria de ir à essa exposição… Maas, impossível!
    Adorei o texto!
    E o Blog também é ótimo!!

    Responder
  17. Luccannus - Jesum Christum est semper! comentou, em 08/09/2008:

    Como vc visitou meu blog, o hora teológica, venho visitar o seu.
    Gostei muito. Visual bem legal. Textos interessantes. O único porém é que jamais escutei bossa nova, npb, ou coisas do tipo, pois sou chegado em músicas mais pesadas.
    Mas de qualquer forma, eu gostei do blog.

    O Evangelho de Mateus é meu preferido tbm. Seja bem-vinda no blog quando quiser.

    bjss e fique com Deus, na Paz.

    Responder
  18. Michell Niero comentou, em 08/09/2008:

    Sou a favor da democratização das nossas produções culturais. A Bossa Nova é uma delas. Carlos Lyra diz que o ritmo é a expressão máxima da classe média do mundo. E de fato é, tanto pelos criadores, como pelos apreciadores quanto pela temática das letras.

    Fui à exposição pois sou fascinado por Bossa Nova, coleciono álbuns e mais álbuns etc. Isso não significa também que eu não goste de outros gêneros, exemplo, o samba rural paulista, também conhecido como samba de bumbo.

    Uma produção nossa, criada a partir da relação que nós tivemos com índios, escravos e portugueses, cujos os principais expoentes moram até hoje nas periferias infelizmente não ganha uma Oca no Ibirapuera para comemorar alguma coisa. Ganha, sim, um museu precário em Pirapora de Bom Jesus cuja visitação é ínfima.

    É por isso que eu digo: precisamos democratizar a nossa produção cultural e desvencilhá-la do caráter econômico. Só assim teremos a verdadeira noção da nossa identidade.

    Responder
  19. All3X comentou, em 08/09/2008:

    Para quem não tem como visitar a mostra, este espaço aqui traz boas informações, mas também um gostinho de “puxa, tinha que ir lá”…
    A bossa nova realmente encantou e ainda encanta o mundo, mas poucos brasileiros a valorizam como ela devia.
    Valeu,
    All3X

    Responder
  20. Lucas Fernandes comentou, em 13/09/2008:

    Oi Lê!

    Exposições como esta deveriam rodar o país, levando cultura de qualidade a uma imensidão de pessoas ávidas por conhecimento. São Paulo é uma cidade privilegiada neste sentido e por isso, concordo com o meu amigo Niero. A que se democratizar a cultura neste país.

    Quanto à Bossa Nova e seus cinqüenta magníficos anos, temos que comemorar, mas sobretudo, incentivar o gênero no país, uma vez que fora dele, a Bossa ganhou projeção com Tom, Vinicíus e João Gilberto. Aliás, falando em João Gilberto, lembrei de Caetano Veloso, que só resolveu se tornar cantor após ouvir esse mestre. O jeito intimista o levou a entrar para o universo musical.

    Essa fusão do jazz, com o samba de breque e samba-canção, comove muitos e reafirma o potencial nacional mundo a fora.

    Ótimo post e fotos de qualidade amiga!

    Beijos.
    ___________________________________
    http://semfronteirasnaweb.blogspot.com

    Responder
  21. Anonymous comentou, em 25/09/2008:

    Adorei a reportagem… 50 anos de Bossa Nova eh tudo de bom…Eu amo este genero musical!

    Desculpe-me mas nao posso deixar de dizer que EXTRANGEIRO nao eh escrito com X e sim com S. A ortografia pode ser cruel!!!

    Beijos

    Herica

    Responder
  22. LETÍCIA CASTRO comentou, em 25/09/2008:

    Herica,hehehe vc encontrou o que ninguém encontrou, nem eu mesma. O primeiro erro ortográfico do Babel!!! Eu nao ia nem corrigir de orgulho, mas o compromisso me obrigou! hehehehe
    Muuuuuuito obrigada querida!
    Beijo pra vc!

    Responder

Escreva um comentário