Chuvas no Rio: Reportagem completa e o relato exclusivo de quem viveu o caos de perto
NOTA: Se você chegou aqui através do Google, provavelmente está buscando informações sobre as recentes chuvas que estão assolando o estado do Rio de Janeiro. Como o texto abaixo se refere ao mesmo fenômeno que aconteceu em 2010, aqui está o link do post mais recente do Babel, com uma lista de reportagens sobre como ajudar as vítimas desta nova tragédia que se repete em 2011:
Saiba como fazer doações para as vítimas das chuvas no Rio
Obrigada e vamos ajudar!
- 229 mortos em decorrência das chuvas no estado: 146 em Niterói – o município mais atingido – 63 no Rio de Janeiro, 16 em São Gonçalo e uma em cada uma das seguintes cidades: Magé, Nilópolis, Paracambi e Petrópolis
- mais de 160 feridos, o que faz chegar a 390 o número de pessoas atingidas pelos temporais
- mais de 52 mil pessoas fora de casa a por causa das tempestades
- 40.482 desalojados em todo o estado
- 11.562 desabrigados: São Gonçalo tem o maior número de desalojados (8.718)
Por que choveu tanto?
De acordo com os meteorologistas, uma massa incomum de ar quente e úmida chegou ao Rio de Janeiro na semana passada, favorecendo a formação dos temporais devastadores. A alta quantidade de umidade na Amazônia potencializou a chuva que atingiu o estado e, antes disso, o Rio também passava por um período de calor e de alta umidade. A combinação de todos esses fatores foi a causa das fortes precipitações que nunca haviam ocorrido sobre a cidade.
Por que os danos ocasionados pelas chuvas foram tão graves?
- construções irregulares nas encostas dos morros – inclusive sobre depósitos de lixo – provocando deslizamentos e número elevado de mortes
- a falta de providência por parte dos governantes que não fizeram a prevenção contra incidentes como este, promovendo a remoção da população das áreas de risco
- acúmulo de lixo pela cidade, o que impede o escoamento das águas pelas redes de esgoto (problema comum nas grandes cidades brasileiras)
O deslizamento do morro do Bumba
A história por quem a viveu de perto
Jorge relata a sua experiência desde o início do primeiro temporal e toda a repercussão, mais tarde, ao longo da semana:
“Saí do trabalho na Urca por volta de 17h15 e o tempo estava bastante fechado. Quando cheguei no Flamengo, bairro onde moro já começara a chover. Ignorei a chuva e fui ao supermercado. Quando saí, a chuva já havia aumentado bastante, preferi não esperar passar (ainda bem) e segui para casa. À medida que caminhava, mais a chuva e o vento aumentavam. Finalmente, cheguei no meu prédio, tênis ensopado e metade da calça bem molhada. Pensei que fosse apenas um temporal rápido, mas a chuva não parava.
Durante a madrugada, acordei e ainda chovia. No dia seguinte, ao ligar a TV, mal podia acreditar nas imagens que via pela televisão. Destruição e mortes, tanto no Rio como na cidade vizinha, Niterói. Parte da minha rua estava alagada. Na Praia do Flamengo não via movimento de ônibus. Na televisão, o prefeito pedia para que ninguém saísse de casa. Apesar de um trecho da minha rua estar alagado, isso não iria impedir que eu saísse de casa. Só iria esperar que desentupissem os bueiros e a água escorrresse. Não iria chegar no horário habitual, mas também não precisava ficar em casa. Moro muito perto. Ônibus e metrô não seriam a minha escolha, um táxi seria melhor.
Por volta de 10h20, saí de casa e peguei um táxi. Assim que parou, o motorista quis saber o meu destino. Se fosse Botafogo, ele não iria, as ruas estavam alagadas, informou. Como ia para a Urca, tudo bem. A sensação era de que estava num dia de feriado. Ruas vazias, pontos de ônibus com poucas pessoas e incrível: poucos carros e ônibus. Levei 10 minutos para chegar até a Urca. Num dia normal, com o volume de carros, poderia levar muito mais, mesmo de táxi. Felizmente, onde moro não houve nenhum tipo de tragédia, apenas alguns bueiros entupidos e alagamentos, o que não é nada diante de tanta dor e sofirmento.”
Paulo Araújo, analista de telecomunicações e responsável pelo blog Cine Planeta.
“Graças a Deus, na segunda-feira eu já estava em casa, pois saí mais cedo do trabalho. Fui informado que choveria muito e onde eu trabalho, no Rio Comprido, toda vez que chove, sempre enche muito. Pessoas que trabalham na minha empresa dormiram no trabalho e só saíram no outro dia, às 10h00.
A cidade ficou um verdadeiro mar, todos os bairros alagados, Zona Sul, Centro e Zona Norte. Na terça-feira, eu não fui trabalhar, pois o prefeito pediu para que todos ficassem em casa. No meu trabalho, todos foram dispensados, na realidade ,a cidade parou. Não preciso nem dizer muita coisa, pois todos já sabem que foi um desespero total, não havia policiamento e não tínhamos como recorrer nem aos bombeiros.
Como moro na Zonal Sul, em um prédio, graças a Deus, nada aconteceu. Mais com relação à situação em geral, acho que alguma coisa tem que ser feita, não podemos ter mais pessoas morando em área de risco, se não vamos ter mais perdas de vidas.”
As chuvas registradas pelas câmeras dos moradores
5 de abril: o primeiro dia
Se estiver na rua e começar a chover, evite ficar em lugares descobertos, mas nunca se proteja debaixo das árvores ou próximo das redes elétricas.
Donativos: Onde e como ajudar
O Babel disponibiliza para os seus leitores a lista elaborada no sábado passado pela redação do jornal Extra, do grupo O Globo (clique no link ao lado), com os locais que estão recebendo as doações para as vítimas das enchentes no Rio. Se você puder ajudar, dirija-se a algum desses postos e entregue a sua doação.
Imagens:
Último Segundo
MídiaMax
Econômico
Notícias Terra
Revolta Feminina
Bom dia Letícia
Ótima a sua cobertura. Essa tragédia 9sempre anunciada) ficara ainda bom tempo marcaa nas vidas das pessoas. Niterói que´é considerada a 4a cidade do Brasil em qualidade de vida – salvo engano meu – está vivendo o seu pior momento. Os governantes agora tentam emendar o soneto, mas o estrago foi grande e claro, ninguém quer assumir as culpas. Hoje, Eduardo Paes, prefeito do Rio, começou a retirar pessoas das área de riscos, uma atitude que já deveria ser tomada há mais tempo, mas antes tarde do que nunca.
Parabéns Lê.
Beijos
parabéns!
É difícil esta situação, mas as causas sempre são a mesma, se avaliarmos bem, somos os únicos culpados, governo e civis…
Oi Lê!
Excelente matéria e com vários pontos de vista a cerca do que realmente aconteceu no Rio. Foi uma tragédia natural gigantesca, somada com a falta de educação do povo e dos governantes que ficam empurrando com a barriga os problemas da cidade.
Muito legal os depoimentos do Paulo e do Jorge. Ficou super completa a sua reportagem, comadre. Parabéns!!!
Beijos
Olá Letícia,
Acompanhei horrorizado com as imagens da enchente, impressionante o que a chuva pode fazer com a uma cidade, foi um rastro de destruição.
Abraço
Oi, Letícia!
Realmente, essa situação é muito triste e pode acontecer novamente enquanto houver pessoas morando nas encostas dos morros. Isso só aconteceu devido à péssima distribuição de renda desse país. Enquanto não tivermos governantes que representem com dignidade o povo que os elegeu, tragédias como essa tendem a se repetir.
Infelizmente, muitas pessoas não têm outra alternativa que não seja a ocupação de áreas de risco.
Precisamos de arrumar muitas coisas em nosso país, mas isso só vai acontecer quando os “homens” no poder passarem a trabalhar pelo bem-estar da população e não, apenas, em benefício próprio.
Excelente post! Parabéns!
Um forte abraço
Comadre,
Demorei a ler a reportagem por que me dói ver o Rio, uma cidade que eu amo tanto, nesse horror. Passei o dia seguinte aos primeiros temporais colada ao telefone, tentando localizar os amigos. Terrível. E ninguém em áreas de risco, veja bem. Nem imagino o tormento de quem vive numa área dessas por lá.
Parabéns pela reportagem.
Beijo!!!
Meu Deus, se já foi um sufoco ver as imagens e notícias pela internet e tv, imagine só quem vivenciou essas tragédias de perto!
A reportagem, está mesmo excelente.
Parabéns, comadre!
Beijos.