Minha história com Patience e o que a Fontana di Trevi está fazendo ali
Este post é dedicado ao grande Axl Rose, que enfrentou, com humildade, até o último instante, o tremendo mico pago ontem no palco do Rock in Rio.
OK. Ainda na ressaca do horrível (terrível, péssimo!) show do Axl Rose e sua banda cover do Guns N’ Roses no Rock in Rio 2011, sinto-me na obrigação de relembrar tempos melhores. Aqueles, sem pieguice, em que essa banda sacudiu (de verdade!) o mundo e nos colocou a todos em uma never-ending vibe de euforia.
Quem acompanha o Babel, sabe que o meu grupo favorito de metal pesado é o KISS e, precisamente naqueles anos 90, eu curtia mais o Metallica que o Guns. Mas, não tinha como escapar, sabia todas as letras de cor e nutria aquele amor e ódio em iguais proporções pelo Axl. E foi no meio desse inesquecível cenário do rock mundial que pus minha mochila nas costas e viajei para a Europa.
Durante o segundo tour pela Itália rolou o tal do “presente romano” – melhor do que geralmente são os dos gregos – um momento da mais pura conjugação do conceito de “aldeia global” que tive até hoje, o que, no meu caso, não é fácil escolher, pois tenho passado a vida me misturando com o resto do mundo. Como a maioria de nós, hoje em dia. No entanto, naquele julho de 96, com a internet nascendo, as coisas ainda não fluíam como nos modelos atuais.
A exuberante Fontana di Trevi: Roma, Itália
Digressão à parte, voltemos à Itália. Ali, na Fontana di Trevi (onde foi filmada a épica cena de La Dolce Vita, em que Anita Ekberg se banha na fonte e enlouquece os homens do planeta), minha amiga italiana e eu encontramos uma galera enorme, gente de todo o mundo, fazendo exatamente o que nós tínhamos ido lá fazer: conhecer gente do mundo todo.
A Fontana é um desses points típicos de hangout de mochileiros e é comum eles se encontrarem ali nas tardes de verão europeu. Barbara e eu chegamos lá pelas 17h, conhecemos duas garotas americanas e a amizade foi instantânea. Papo vai, papo vem, olhamos ao redor e a praça já estava lotada, coalhada de gente de todas as raças, credos e tamanhos, conversando entre si, usando a linguagem que conseguia.
E foi aí que aconteceu: um carinha (não sei de onde) tocou os primeiros acordes de um hit conhecido, com o seu inconfundível assovio. O burburinho, extremamente animado (estamos na Itália!), cessou e nós todos, em uníssono, mandamos: “Shed a tear ’cause I’m missing you, I’m still all right to smile…”. E, assim, frase por frase, centenas de jovens em uma praça distante de suas casas e de qualquer outra noção de familiaridade, transformaram, por alguns minutos, um monumento à humanidade em palco de rock (o que também deveria ser tombado pela UNESCO, digamos).
Cantamos a música inteira, obviamente, sem errar a letra em inglês, no meio de tantas línguas quantas pessoas havia e a tarde foi escurecendo. Quando a lua chegou, no exato momento do “…ooh, this time…”, os spots de luz começaram a pipocar e, em segundos, a fonte já estava toda acesa, como que materializando fisicamente o que nos iluminava por dentro. Chorei, a maioria chorou, e celebramos ali a beleza da criação humana, quando ela se veste das suas melhores cores. Esta é a razão pela qual eu também fiquei, Axl, até o fim do show de ontem, trocando vergonha alheia por reverência. Thanks, man.
O registro daquela sera incantevole.
Que lindo, Lê! Alguns dizem que o esperanto é a língua universal, mas, na minha opinião, não tem “língua” mais universal que a música. Sua carga de sentimentos é tamanha que seria impossível não despertar o mesmo significado. Depois desse post, fiquei com uma vontade de ir pra Itália, uma viagem que perdi devido a algumas reuniões “internacionais”, pena que não foram iguais a tua. Beijinhos, Lê!
Alguma coisa me diz que logo, logo, vc fará incríveis reuniões internacionais e eu vou ficar aqui chupando o dedo que não estará lambuzado de dulce de leche! rs
More, fomos cúmplices dessa tragédia e também compartilhamos o amor pela banda, e isso também nos une em uníssono àquela galera.
Concordo, a música é a arte do Céu.
Bacini immensi a te!
Verdade, mas estou com medo de encontrar mais brasileiros do que argentinos. Europa é BEM mais interessante, a variedade de nacionalidades é imensa, aqui já é mais restrito. Bom, vamo que vamo, vai que dou sorte e encontrou uma galera legal pra compartilha alguns dias!
Beijão
Com certeza, vc vai encontrar bastante brasileiros, mas os argentinos são interessantes pacas. All you have to do is mingle.
Beijinho!
Será que se eu levar meu violão rola de tocar uma musiquinha do GNR com a galera ou terei de aprender a tocar as músicas do Justin Bieber antes?
Fantástica a história Lê, realmente me comoveu, principalmente depois de ter “perdido” minha madrugada toda aguardando o Guns, poderia ter dormido depois do fim fantástico do show do SOAD.
Beijos e a gente se vê por aí, ou por aqui, quem sabe né?
Hahahaha Não, acho que ainda rola um Guns… Não percamos a fé! rs
Pois é, mas o que importa é o nosso companheirismo, meu amigo querido! rs
Opa! Juro que da próxima vez que for à BA, a gente combina, tá bom?
Beijoconas!
Eu não entendo de Gun e etc, mas adorei o seu caso. Vivenciar estes momentos é delícia pura! è viver de novo! Muito boa sua história! Grande abraço.
Kit, minha linda, quando comentei no diHITT, não percebi que era vc. Ando muito desligada, desculpa mesmo.
Já tinha gostado do seu comentário e agora que sei que veio de você, gost4ei mais ainda! Obrigada, viu? Sempre um prazer tê-la aqui.
Beijos!
Olá Leticia,
Ontem acompanhei (via twitter) todos os comentários a respeito do show de 2011, não sou um fã típico do Guns.. gosto das músicas, mas longe de ter um “hino” e eu sempre preferi Pink Floyd com seu mítico Another Brick the Wall.
Agora tua história é simplesmente fantástica…
Abraço
Oi, Letícia.
Bem, ontem/hoje acompanhamos o “freak show” que Axl Enrolose transformou o Guns n´Roses. Ficamos decepcionados, claro…evidente que não esperávamos um Axl saltitante como em 1991, mas ao menos respeitoso e zelando por aquilo que criou (junto a companheiros que hoje fazem muita falta à banda) e arrebatou milhares de fãs pelo mundo.
E eu sou um destes fãs que também possui história ou histórias com alguma música do GN´R como trilha sonora, tal como essa sua história fantástica na Fontava de Trevi. Músicas especiais como Patience, Estranged, Rocket Queen – “minha” música especial, daí a revolta ontem no twitter, que vergonha rs.
Mas não tem jeito: podem desafinar a música, estragarem, errarem notas, o que for: nada apaga as lembranças que estas músicas especiais remetem. E este seu texto maravilhoso é uma prova disso!
Beijo e obrigado pela companhia ( and patience! rs) ontem/hoje no twitter
Geraldo, que vergonha! Vc acompanhou todo o nosso “desabafo”. hehehehe Releve muita coisa dali, meu amigo, dita na hora do calor do momento. rs
Eu é que fico feliz com o teu comentário que me honra muito como sempre, viu?
Beijão!
Sim, Jaime! Nossa indignação perpassava pelos poros e alcançava o teclado e com razão! Afinal de contas, amamos esses m***f****, com que direito fazem uma presepada dessas???
Eu é que agradeço pela cumplicidade e solidariedade guniana! (se é que isso existe rs)
Beijos e amei o comentário, viu?