Copa, jogos e videogames: os segredos da campanha da Nike
Por Ana Alice Vercesi
Conhecida por suas campanhas emblemáticas, a Nike mais uma vez deixou o mundo com a respiração presa no emocionante vídeo “Quem ganha fica”. Não só pelo desfile de estrelas do futebol mundial – Cristiano Ronaldo, Neymar Jr., Wayne Rooney, Zlatan Ibrahimovi?, Gerard Piqué, Gonzalo Higuaín, Mario Götze, Eden Hazard, Thiago Silva, Andrea Pirlo, David Luiz, Andrés Iniesta, Thibaut Courtois e Tim Howard – como pelos recursos cinematográficos que levam a emoção do torcedor à ultima instância.
Um outro ingrediente muito especial, no entanto, pode passar despercebido em meio a tantos outros, mas que ajuda a entender como a marca consegue falar às antigas e também às novas gerações. Todo o conteúdo do vídeo – texto, roteiro, imagens – foi pensado para se alinhar a uma realidade muito contemporânea: nós vivemos em um universo lúdico.
Brincar, jogar, participar
A brincadeira, o jogo e, especialmente, os videogames ganharam uma grande força na sociedade ocidental. Desde o Magnavox Odyssey, o primeiro grande console de 1972, até os dias atuais, mais de 1 bilhão de videogames já chegou às casas e imaginações das últimas gerações. Some a isso o acesso a jogos via celular – como o Candy Crush que, sozinho, soma mais de 140 milhões de usuários.
Óliver Pérez Latorre, da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, garante que a revolução lúdica, como ele chama, vai muito além da emergência da indústria dos games: “ A questão já não é que lugar ocupam os jogos em nossa cultura; a questão é que nossa cultura se tornou lúdica”.
Não é difícil entendê-lo: pense nos posts que você mais vê replicados no Facebook; no quanto as notícias mais engraçadas chamam a atenção na página principal dos grandes jornais; ou no sucesso de ações de marketing e educação que utilizam a atividade de jogar, brincar ou participar.
O que isso tem a ver com o vídeo? Tudo. Nele, dois grupos de jogadores amadores se preparam para uma tradicional pelada e decidem apostar o próprio campo: quem ganha, fica. A partir daí, o que se vê é uma mistura frenética de imaginação e realidade, em que cada um deles se transforma em um ícone do futebol mundial para defender um jogo que, para eles, se assemelha a uma final de Copa do Mundo.
Dois universos de brincadeiras se fundem aí: mesclam-se a emoção do jogo de futebol propriamente dito , com suas regras e compensações (os gols, as faltas etc), com o encantamento da imaginação dos jogadores, que representam, ali, os seus ídolos. Tudo gira em torno também das vantagens de ser o Cristiano Ronaldo, de uma jogada que o suposto Neymar se nega a fazer, e assim por diante.
Esse é, precisamente, o universo dos games atuais, que possuem regras semelhantes a quaisquer outros tipos de jogos (pontuação, modo de jogar, objetivos), mas que levam os participantes a um universo de fantasia, com todas as vantagens e desvantagens de seus personagens (ogros, elfos, soldados e até o famoso polícia e ladrão, tão típico da infância). A cereja do bolo desse vídeo fica, claro, por conta de um aspecto muito importante para essas novas gerações de jogadores, acostumadas com o poder se seus controles: a capacidade de tomar decisões e serem protagonistas nesse universo paralelo.
Com esse roteiro matador, a nova campanha da Nike é melhor exemplo de como um conteúdo adequado às mais variadas audiências pode transformar uma marca no símbolo de um momento e até de uma(s) geração(ões).
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