Rio 2016: Os Jogos Olímpicos serão no Brasil e a resposta que Flávio Prado merece

Criado por Letícia Castro em em 02/10/2009
Durante a tarde de hoje, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Em meio às comemorações e ao orgulho inflado de tantos brasileiros que conseguem ver na oportunidade de sediar os maiores jogos esportivos do planeta também uma chance de mudança social está o jornalista Flávio Prado da TV Gazeta, jogando um balde de água fria dos mais pessimistas na vitória nacional. Não é novidade para ninguém desse país que muito provavelmente haverá mau uso do dinheiro destinado às Olimpíadas. Por outro lado, não deixa de ser novidade que ter um espírito derrotista e culpar razões históricas para a má gestão do dinheiro público desde os tempos da colônia não leva a lugar algum.
O jornalista Flávio Prado, apresentador do Mesa Redonda, na TV Gazeta
 
Em resposta ao colega jornalista, por quem tenho a maior admiração, diria: Flávio, sim, temos mais uma vez a chance de fazer a diferença nesse país. Sim, muito provavelmente, esse dinheiro será mal gasto e sim, talvez as obras atrasem e ouviremos falar muito da incompetência e ladroagem administrativa que tomará conta do processo. O que você sugere, então? Você teria o mesmo empenho que teve ao dizer “coitado do Brasil” de forma tão derrotista para propor uma solução? Você, com uma carreira de tanto sucesso no jornalismo esportivo televisivo brasileiro, seria capaz de propor uma forma de combatermos esse mal que se anuncia?
 
Prezado colega, já conhecemos o problema de cor e também gostaríamos de ter a chance de duas coisas, nesse dia tão festivo: a primeira, poder comemorar a vitória da candidatura do Rio em paz e a segunda, ter um pouco de esperança que aqui, se não desistirmos, somos ainda capazes de tentar melhorar a forma com que lidamos com problemas crônicos da gestão pública e aspirar por um futuro melhor.
 
Assim como você, eu também sou uma jornalista apaixonada por esportes e, a exemplo da minha solitária cobertura própria dos Jogos Olímpicos de Pequim, feita nesse blog (e que teve até uma certa repercussão pela blogosfera), mais uma vez estarei com o coração na boca em 2016 quando a competição começar e, nessa ocasião, feliz em dobro pela realização do evento aqui e pela chance de poder cobri-lo in loco. Não é hora de dizer o que vai dar errado, até porque todos nós já sabemos. Devíamos sim gastar as mesmas energias tentando pensar em formas de denunciar e combater esses hábitos perniciosos, além de motivar os espectadores a agirem como cidadãos e ajudarem na fiscalização e bom uso da verba destinada. É até triste, pois fica aquela impressão de uma frase um tanto nociva, disseminada entre nós que diz que “brasileiro não pode ver o sucesso de outro brasileiro”.
 
Espero, por fim, que você tenha noção do quanto é inútil esse tipo de parecer, ainda que tenha todo o direito de fazê-lo. Hoje, além de não ser dia para isso, já que teremos sete anos para ficar de olho, é hora de nos sentirmos contentes por estarmos no Brasil e termos o maior evento esportivo do mundo acontecendo por essas bandas. Ter a chance, única para a grande maioria da população brasileira, de ver de perto os heróis olímpicos e vibrar com eles por seus feitos. É hora de ser um pouco mais verde-amarelo e ficar feliz pelo Rio que representa essa nação inteira. E digo mais, tamanha a indignação que fiquei ao escutar as suas palavras: se você já desistiu de exercer os seus deveres e direitos de cidadão dessa terra, existe uma boa parcela de nós (eu, inclusive) que pretendemos denunciar e cobrar dos políticos por cada passo mal dado em relação a administração financeira do evento. Ao contrário do que você propôs e apesar da nossa condição histórica, não pretendo somar-me ao grupo dos derrotistas que espera que esse país seja jogado no lixo.
 
Parabéns ao Rio por ter conseguido sagrar-se como sede das Olimpíadas de 2016 e vamos para a festa, porque hoje, mais uma vez, estamos debaixo dos holofotes e a nossa conhecida alegria é o que o mundo espera ver.
 
Aqui se fala português.
Comentários (11)
  1. Guilherme Freitas comentou, em 02/10/2009:

    Ao contrário de você Letícia, não admiro nem um pouco o Flávio Prado. Ele tem uma grande carreira, admito. Porém, é uma pessoa que não me agrada em nada. Ele é bairrista (sempre ridiculariza os times de futebol carioca e diz que os paulistas são infinitamente melhores) e muitas vezes fala bobagens (chegou a dizer que o Hernanes é melhor que o Cristiano Ronaldo, quando o luso ganhou o prêmio de melhor do mundo). O melhor a fazer é ignorá-lo. Beijos.

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  2. Renan Barreto comentou, em 02/10/2009:

    Letícia! Olha, eu não sou muito fã de esportes, mas tô vibrando pelo fato de poder cobrir as Olimpíadas perto de casa! E a Copa também! Que maravilha. É claro que os gastos serão feitos e que as obras superfaturadas vão acontecer, mas pelo menos, de alguma forma as mudanças acontecerão. O Rio é a vitrine do país, tanto é que naquela animação UP da Disney Pixar, o mapa da américa do sul tinha só os nomes Rio de Janeiro como um país e Argentina, ou seja, o Rio é mais conhecido do que o próprio Brasil. É engraçado isso, mas. rs Vamos comemorar Yes, we Créu e suck que é de grape como eu digo,. uhauhuauhua

    Bjão!!!!!!!!

    Valeu!!!!!!!

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  3. Antonio Regly comentou, em 02/10/2009:

    Letícia,

    Amei tudo que escreveu. Há brasileiros que sentem prazer em denegrir a imagem do Brasil. Portam-se como lacaios achando que desta forma vão conquistar algum lugar ao sol “do lado deles”.
    O Brasil tem competência e condições de fazer calar as más línguas e colocar no seu devido lugar gente que não sabe o que dizer, diz besteira.
    Quem viver verá. E aí, ou se rende e humilha reconhecendo o “equívoco”, ou pega sua bagagem e vai viver fora do Brasil.
    O Brasil é, senão o melhor, um dos melhores lugares desse planeta para tudo. E estou certo de que muito em breve o povo vai acordar e tomar uma atitude.

    Parabéns pelo lindo post.

    Abraço do amigo,

    Antonio

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    • gabriela comentou, em 01/07/2013:

      gostei doque escreveu

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  4. Anonymous comentou, em 03/10/2009:

    Eu concordo plenamente com o Flávio Prado, quem é a favor é quem tem regalias de ter plano de saúde, segurança e ter condições de estudar em escolas particulares. Quem precisa de hospitais públicos sabe o que estou falando. Enquanto poucos fazem a festa sem consciência outros morrem nas filas de hospitais ou bala perdida.
    Dinheiro público indo para o ralo, vai haver superfaturamento como houve no pré-olímpico, imagine na olimpíada. Quem está gostando são as construtoras, a hotelaria e imprensa esportiva, só essas vão ter lucro, o povo mesmo nada.
    Por que não usar esse bilhões na saúde e edução?
    Essa é a prioridade.

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  5. LETÍCIA CASTRO comentou, em 03/10/2009:

    Prezado anônimo (adoro esses “anônimos”…),

    O Flávio é da imprensa esportiva, mas isso você deve saber,não?
    O fato de serem usados bilhões para os jogos olímpicos não significa que eles seriam usados na saúde, nem na educação ou que a vontade política daria mais atenção a essas áreas, caso não houvesse os jogos. Isso é ingenuidade.
    A realidade é que o evento vai promover a criação de milhões de empregos novos, gerar renda para o país todo em vários setores, principalmente o turismo, além de todas as melhorias infra-estruturais que a organização tem que dar conta até 2016.
    Como você não se identificou, não sei de onde vem, mas é bom que saiba que, por causa da Copa,por exemplo, as capitais como SP e BH viraram canteiro de obras que ficarão em benefício da população muito depois que os jogos terminarem. O mesmo acontecerá com a cidade do Rio que terá uma série de exigências a cumprir.
    Quem não consegue enxergar as benesses que um evento desses proporciona tem uma forma um pouco obtusa e preconceituosa de ver as coisas. Além de todos pontos negativos que, sem dúvida, vão ocorrer, o lado positivo existe, supera tudo isso e, assim que o evento terminar, veremos quem tinha a razão.
    Por favor, identifique-se da próxima vez. A sua opinião é respeitada, a discussão é bem-vinda e saudável, mas não há a necessidade de se esconder, apenas porque o seu ponto de vista parece ser contrário ao da autora do texto.
    Obrigada e volte sempre.

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  6. Tarcicio Andrade comentou, em 03/10/2009:

    Com certeza, desanimar não é solução.

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  7. Wander Veroni comentou, em 03/10/2009:

    Oi, Lê!

    Sabe de uma coisa: detesto gente pessimista. Temos que ter orgulho do Brasil apesar das nossas qualidades e defeitos. Vamos sediar dois eventos esportivos que merecem ser festejados, pq não?

    Qual geração que viu isso? A nossa. Então, vamos nos empenhar e incentivar a população a fiscalizar de perto estes eventos. Quero ver essa festa e o mais bacana de tudo: cobrir a Copa e a Olimpíada como jornalista.

    Não sou fã do Flávio Prado – na verdade, a TV Gazeta não passa em MG, mas acredito que a imprensa esportiva precisa ser renovada, pelo bem do torcedor de outros Estados que não aguenta mais ver só Corinthias nos programas nacionais.

    Jornalismo esportivo precisa cobrir outros esportes (e outras equipes) e, antes de tudo, ser feito por jornalistas de verdade.

    Parabéns pela crítica inflamada, Lê! Essa é a minha comadre…hehehe… \0/\0/\0/

    Também fiz um post lá no Café sobre o Rio 2016. Depois passa lá!

    Beijos,

    http://cafecomnoticias.blogspot.com

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  8. jorge fortunato comentou, em 03/10/2009:

    Oi Letícia,
    Que texto! Vc conseguiu, com muito bom senso, dizer o que muita gente precisa ouvir.
    é o que o Nelson Rodrigues dizia: “brasileiro tem complexo de vira-latas”. Para muitos o que vale é o importado, o estrangeiro. Eu amo viajar e conhecer novas culturas, mas não desprezo as nossas riquezas, nossos talentos. E no Brasil temos muitos talentos. Se hoje o Rio vai poder sediar os Jogos Olímpicos é fruto do trabalho de vários atletas que conseguiram medalhas, aliás, um dos requisitos para sediar os jogos, ou seja, ter um bom quadro de medalhas.
    Eu estou ainda vivendo aqueles momentos do anúncio. Espero em 2016 estar num big ap e quem sabe, hospedar vc aqui Lelê. Torço pela minha cidade, pelo legado dos jogos e pelo desenvolvimento do Brasil. O mundo agora vai ter que aprender a dizer “bom dia”, “obrigado”, “olá”. eu fico orgulhoso de ver o mundo descobrir o Brasil, o Rio. Quando viajamos procuramos aprender a língua do país de destino, então agora é a vez dos gringos aprenderem Português!
    Yes, we créu!!!!
    bjs

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  9. Eduardo Buys comentou, em 03/10/2009:

    Letícia,
    postei em meu Blog do Varejo – A Guerra pelas Olimpíadas 2016 – e não imaginava o quanto de derrotismo viria à tona, diante desta nossa magnífica vitória, que pode significar a redenção do Rio de Janeiro. É claro, como seria até para uma criança, que tudo tem um custo, e que há o enorme risco da mal versação de recursos, quer por improbidade, quer por incompetência pura e simples. Nem por isto vamos jogar nossas oportunidades fora. Temos é participar de um esforço sobre humano, de nossa sociedade, em se fazer respeitar por seus representantes. Temos fazer valer a democracia, através da participação efetiva de cada cidadão, da vigilância e punição para quem sair da linha. Se abrirmos mão disto, se amargurarmos de vez, sem mais nada para crer, o melhor mesmo seria encomendar logo um epitáfio, e nem esperar por 2016.
    Colo um trecho de um outro comentário, nesta mesma linha:
    “Não se pode negar que, dentro dos requesitos atuais do COI, o alcance dos Jogos ultrapassa meros interesses comerciais ou esportivos, se irradiando para o social e o meio ambiente. Também, a alta exposição mundial do evento, gera motivações extraordinárias que, em termos comerciais, de outro modo, não se manifestariam. Quanto ao legado, não dá para ter certeza quanto ao futuro, mas sim aprender com o passado. No caso do PAN, o evento nos deixou, aos cariocas, tremendamente frustrados. No contraponto, o exemplo de Barcelona vem sendo citado como uma experiência de soerguimento da cidade.
    Temos a chance de acertar agora, com a sociedade se envolvendo e vigiando como nunca, como condição para o pleno sucesso, não só dos Jogos, mas de seu day after. Acredito que saberemos fazer destes Jogos de 2016 um marco para o Rio de Janeiro. Eduardo Buys”
    Abraço,
    Edu

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  10. Luiz Clédio Monteiro comentou, em 03/10/2009:

    Ola. gostei das notícias são temas bons e atualizados.
    vou seguir seu blog e acompanhar as notícias.

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    Ele foi criado para abençoar a sua vida, com artigos
    preparados para tocar o seu coração!
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    PS – Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
    Mateus 24:8

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