"Última Parada 174": BABEL vai à première e entrevista o diretor Bruno Barreto

Criado por Letícia Castro em em 11/10/2008

ultima-parada-174
Pôster oficial do filme

Sinopse: “As últimas horas da vida de Sandro do Nascimento, 22 anos, o “seqüestrador do ônibus 174”, foram acompanhadas por milhões de pessoas através da TV. O enterro dele foi acompanhado por apenas uma pessoa – sua mãe adotiva.
Instigado pelo documentário Ônibus 174 de José Padilha, o diretor Bruno Barreto construiu um relato ficcional para contar a história do encontro de um adolescente órfão e de uma mulher obcecada pela memória do filho. O encontro de duas pessoas à deriva, que teve como desfecho a morte de uma jovem professora e de Sandro, deixando aquela mãe novamente órfã de seu filho.”

Foi exibido na manhã de ontem, no Unibanco Arteplex, Shopping Frei Caneca, em São Paulo, o filme “Última Parada 174″, de Bruno Barreto, a produção brasileira que tentará concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro 2009.

A “Cabine”, realizada pela Brazucah Produções, especialmente para blogueiros e universitários, teve como propósito promover a película, inclusive na Web 2.0 que, segundo Cynthia Alario, da Brazucah, é um excelente meio de comunicação.

Após a exibição, Barreto participou de um debate com a platéia, composta de 70 convidados, e respondeu, de maneira muito solícita, a todas as perguntas. O Babel esteve na première e também teve o prazer de entrevistar o diretor mais influente do cinema nacional na atualidade. Leia abaixo o que perguntamos para Bruno e, na seqüência, o que ele declarou sobre as demais questões envolvendo a produção.


Bruno Barreto, na entrevista com os convidados (Foto: Letícia Castro)

Babel.com: Bruno, você acha que, a exemplo da repercussão de “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, apostar no gênero “violência urbana” é um filão seguro para o êxito dos filmes brasileiros no circuito internacional?

 

Bruno Barreto: Os filmes sempre entram no circuito internacional através dos festivais, e as produções brasileiras são sempre catalogadas como “filmes de arte”, não importa a categoria. Filmes de ação, violência e que retratem a condição social são sempre bem recebidos. Acaba gerando um estereótipo para o país, infelizmente, mas garante uma melhor exposição.
B.com: Como foi a escolha de trabalhar com não-atores, como a maior parte do elenco, e atores profissionais ao mesmo tempo?
B. Barreto: A intenção foi passar verossimilhança à história, já que ela foi baseada em fatos reais. O Bráulio (Bráulio Mantovani, roteirista) e eu queríamos dar um toque de realidade à obra que é ficcional. Todo diretor de cinema sabe que animais e crianças roubam a cena porque passam a impressão de que são e não de que estão atuando. E trabalhar com esses atores é realmente tornar a história mais próxima do fato, além de ser um barato. Prefiro mil vezes trabalhar com esse tipo de elenco agora, que dá 300% de si mesmo pela obra. Não que não seja bom trabalhar com os profissionais, mas, por exemplo, quando assisto um filme com o Brad Pitt ou com a Angelina Jolie, que são bons atores, eu demoro 40 minutos para esquecer que ela adotou um filho na África e toda a repercussão da mídia em cima deles. E isso acaba atrapalhando de alguma forma.
O diretor comentou ainda que a decisão pela trilha sonora foi algo original e mais sólido do que optar apenas por música incidental. A trilha sonora é de responsabilidade do brasileiro Marcelo Zarvos, que mora nos EUA há mais de 20 anos.

Outro ponto importante levantado por Barreto foi a questão da verba e do financiamento para o filme. Ele declarou que o projeto esteve três vezes submetido à apreciação da Petrobrás e do BNDES e foi rejeitado por causa do roteiro, “Pensaram que fosse apenas mais um ‘favela movie’”, como pontuou. Já o Canal +, um dos principais canais da França, assim que leu o roteiro, decidiu de imediato empregar 400 mil euros na produção.

O diretor afirma que essas transações ainda são um mistério para ele que lança o 18o. filme de sua carreira, já tentou concorrer ao Oscar por “O que é isso, companheiro?”, em 1998, e já dirigiu estrelas de Hollywood, como Andy Garcia, Robert Duvall e Kevin Spacey.

O BABEL.com faz um agradecimento especial ao amigo Paulo Araújo, do Cine Planeta, que repassou a bola e tornou esse agradável encontro possível. Haverá uma “Cabine” também no Rio, nos próximos dias, e, quem estiver interessado, é só procurar pelo Paulo, que ele dá todas as coordenadas.
Aqui se fala português
Comentários (19)
  1. Wander Veroni comentou, em 11/10/2008:

    Oi, Lê!

    Que maravilha de encontro para blogueiros e universitários!!! Nossa muito bom participar desses eventos de divulgação e poder conversar com o responsável pela produção que é o supra-sumo do cinema brasileiro.

    Adorei d+ mais ler o seu relato e poder conhecer um pouco mais sobre o filme. Quando estrear aqui em BH, estarei na 1ª fila, de camarote, para ver esse filme, que tem tudo para ser o mais novo sucesso, pois a história promete – visto o que foi o documentário.

    Vc tá podendo, hein gata!

    Abraço,

    ——————–
    http://cafecomnoticias.blogspot.com

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  2. Rodrigo Piva comentou, em 11/10/2008:

    Parabéns pela entrevista, Lê!!
    E na próxima, vê se convida os amigos, poxa… :-X (não responda!) hehehee

    Beijão!!

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  3. LETÍCIA CASTRO comentou, em 11/10/2008:

    É, melhor nem falar nada, né, Seu Rodrigo??? hehehehe
    Beijocas para os meus dois amigos queridíssimos!!!

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  4. Eli comentou, em 11/10/2008:

    Parabéns letícia pela entrevista, gostei muito.

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  5. icommercepage comentou, em 12/10/2008:

    Grande Letícia, nem precisa dizer que você mereceu esse momento. Toda a blogosfera estão orgulhosoa de você

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  6. Dani comentou, em 12/10/2008:

    Que chic, Le! :) Muito legal a entrevista… pena que, como sempre, nosso paìs nao dà o devido valor aos seus talentos.
    Bjao!

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  7. carla m. comentou, em 13/10/2008:

    Comadre, que manhã pra uma sexta feira hein?!
    Tu bem sabes que ficamos todos orgulhosíssimos de ver que jornalista tão competente fez a cobertura de um evento tão especial.
    Afinal ficar cara a cara com o diretor do filme que nos representará na disputa pelo Oscar e ter capacidade de fazer perguntas interessantes, não é pra qualquer um.

    Aliás, meu comentário sobre a pergunta que tu fizeste pra ele: fabulosa! dá pra ter uma idéia fantástica da abordagem do argumento do filme!

    Lê, cada dia melhor!!!

    beijocas!

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  8. Lucas Fernandes comentou, em 13/10/2008:

    Oi Lê,

    Entrevista diga de uma grande jornalista. Um fantástico diretor versus uma jornalista mais do que capaz.

    Essa fala do Bruno Barreto é a mais pura realidade, apesar de machucar quem a lê. O cinema nacional fica a cada ano mais estigmatizado pela violência estereotipada.

    Gostaria de ver “Linha de Passe” ou “Chega de Saudade” indicados a estatueta. Mas fazer o quê?

    Beijos e até… o post abaixo!
    ___________________________________
    http://semfronteirasnaweb.blogspot.com

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  9. Juan Trasmonte comentou, em 13/10/2008:

    O filme Nome próprio já provou que blogs são ótimos instrumentos de divulgação de filmes. Parece que o pessoal da Brazucah deu conta do recado.
    A escolha de filmes para o Oscar sempre é polémica, porque em cinema, futebol e política todos somos especialistas rssss
    Parabens Lelê!
    bjs

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  10. Karla Hack comentou, em 17/10/2008:

    Muito Boa a Entrevista..
    E gostei muito da ideía do filme… SE ele vai ser bom ou não.. não sei.. Mas concerteza vou assistir!
    Faz tempo que torço pelo reconhecimentos dos filmes brazucas mundo a fora – e pelo oscar!
    Não há coo negar que a qualidade esta crscente!
    Na torcida
    ;D

    bjus

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  11. Dário Souza comentou, em 17/10/2008:

    To doido pra ver esse filme,tomara que ele consiga meio que salvar o ano de 2008 pra o cinema brasileiro que teve pouquissimos exemplares louvaveis so se destacando Meu nome não é jhonny e o otimo Era Uma Vez…
    Ja venho acompanhando o trabalho do Bruno desde o O que é isso Companheiro que é sensacional.E adorei a entrevista do babel.com com ele.
    Tao de parabens msm.

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  12. 30 e poucos anos. comentou, em 17/10/2008:

    Parabéns pela entrevista e pela oportunidade que está dando para que nós possamos conhecer um pouco mais sobre o filme.

    Responder
  13. Pedro Junior comentou, em 17/10/2008:

    Olá Parabéns. muito bom, é boa boa oportunidade de conhecer o filme.

    T+
    Abraços

    Responder
  14. Danilo Cruz comentou, em 17/10/2008:

    Muito boa a entrevista!

    Ainda quero ver este filme.

    Responder
  15. Karla Hack comentou, em 17/10/2008:

    Opa… Já comentei aqui!
    Então, estou mais é marcando presença!
    E concordo com o Leonardo comentou.. falta muita é divulgação da mídia para estes filmes…

    ;P

    bjus

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  16. Michell Niero comentou, em 17/10/2008:

    Oi Letícia,

    Gostei da franqueza do Bruno Barreto. Pelo menos ele deixou claro que a estetização da pobreza e da violência dos filmes brasileiros é muito mais uma estratégia de inserção de mercado que uma opção artística. Parabéns pela pergunta também!

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  17. Edu França comentou, em 21/10/2008:

    Neguinha, que lindeza isso! Vc entrevistando o todo poderoso do cinema nacional, quando eu crescer eu quero ser assim tbm! “lhe adoro!”

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  18. Margareth Bravo comentou, em 24/10/2008:

    Olá!
    Tudo já foi dito, mas mesmo assim parabenizo a escolha das perguntas pontuais e confesso que me surpreendi com a autenticidade das respostas. Achei muito curioso, o comentário dele sobre atores famosos desviarem nossa atenção da trama devido a familiaridade com seus asuntos pessoais freqüentes na mídia!
    Obrigada por compartilhar! abs

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  19. Rogério Dalbem comentou, em 31/10/2008:

    Quero ver esse filme logo…

    Assiti ao documentário e foi muito intenso.
    Há quem diga que o documentário foi melhor que Última Parada 174. Mas ainda preciso vê-lo para ter opinião.

    Muito bom o blog ter participado da entrevista, parabéns

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