Blog Action Day 2008 ataca a pobreza e Babel enfoca o trabalho infantil nos semáforos de SP
O Blog Action Day (Dia de Ação nos Blogs) é um evento anual não-lucrativo que une blogueiros, podcasters e videocasters do mundo todo em torno de um post sobre o mesmo assunto no mesmo dia. O tema da ação deste ano é a pobreza. O BABEL.com se juntou ao movimento e enfocará a condição das crianças e adolescentes que passam o dia nos semáforos da capital paulistana em busca de esmolas.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o número de jovens – crianças e adolescentes – que trabalham junto aos sinais de trânsito da capital é de cerca de 3 mil, espalhados em 188 cruzamentos pela cidade. É trabalho infantil – o que é proibido pelo art. 60, cap. V, do Estatuto da Criança e do Adolescente – na grande maioria das vezes, em favor de indivíduos adultos que ficam nas redondezas, observando os menores, para extorqui-los mais tarde. Os trabalhos variam desde a lavagem do pára-brisas dos carros até perfomances circenses na frente do veículo.
As performances são um capítulo à parte. Meninos e meninas, com idade média de 10 a 12 anos, executam toda sorte de apresentações, como se fossem compelidos por alguma força oculta (aquela que os observa a apenas metros de distância), num ato de constrangimento para eles mesmos e para quem os assiste. Vale tudo: malabarismos com bolinhas, bastões, gravetos e há os mais ousados que chegam a praticar a pirofagia (cuspir fogo), como se já fossem profissionais. Diante da cena desconcertante – que dura o tempo do sinal fechado, por volta de 1min – o espectador não sabe se aproveita o “show”, se fica indignado com a evidente exploração à espreita ou se denuncia. Na maioria das vezes, o pior acontece, finda a apresentação, ele paga pelo que viu involuntariamente e o esquema se perpetua.
A exploração de crianças é um dos pedágios mais repulsivos que a pobreza pode cobrar. Sempre que o sinal se fecha em São Paulo, é triste constatar rostos inocentes, afugentados do convívio social e, principalmente, escolar, em busca de sobrevivência, o que se traduz não apenas na busca de comida, mas, muitas vezes, na troca por substâncias entorpecentes que levem a consciência para longe e ajudem a suportar a realidade. Esses mesmos rostos já exibem traços da transição entre a inocência da idade e o desvirtuamento necessário para lidar com esse cotidiano. Para quem assiste às performances dos pequenos artistas do semáforo, constatar essa mudança é o que cala mais fundo.
A Prefeitura de São Paulo tem um programa específico de auxílio aos menores, com agentes capacitados para acompanhá-los e encaminhá-los aos mais de 400 centros, abrigos e casas de acolhida da capital. Para saber mais e contribuir com o trabalho, acesse o site da Secretaria Municipal de Assistência e Desenv. Social de SP.
Aqui se fala português
Comentários (7)
É mesmo muito triste ver crianças em praticamente todos os semáforos das regiões mais movimentadas da cidade.
Infelizmente, até pra sustentar o próprio vício, muitos pais preferem que os filhos continuem lá ganhando em média 900,00 por mês (segundo reportagem da Folha no ano passado), e o círculo vicioso está formado. Crianças, drogas, álcool e nada de escola.
Muito triste.
Beijo
Oi, Lê!
O pior disso tudo é ver que esses meninos geralmente estão trabalhando para sustentar um “pai de rua”, ou seja, um malandro-chefe que explora essas crianças para conseguir dinheiro.
Adorei seu post e vamos juntos no Blog Action Day 2008!
Bjão,
=]
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http://cafecomnoticias.blogspot.com
CNC, Cara mia!!!
Espero que melhore logo dessa tua gripe! E gracias pelo nosso dia, tu passou o bastão, mas tem muita gente que passou por ti antes disso!
E claro, está combinado, Redenção e Zaffari! Programão, hehehe!
Lê, sobre o post do Blog Action Day, trabalho infantil é dilacerante. Desestrutura o indivíduo física e psicologicamente. E o mais frustrante é justamente o fato de que as estruturas sociais que temos colaboram para um afastamento das crianças do que lhes é mais necessário na infância: educação e acolhida.
tomara que teu protesto ajude nesse luta!
Beijocas!!!
A exploração das crianças pelos próprios pais é que perpetua a pobreza, pois não estudam e se acostumam a viver no submundo.
É uma realidade muito triste e presente em todas as grandes cidades.
Perfeitas suas colocações, como sempre, Letícia.
Aqui em minha universidade, trabalho com um projeto de extensão que justamente enfoca o Estatuto da criança e o Adolescente. Nosso trabalho é atuar junto ao Conselho Tutelar da cidade e região.
Percebemos em nossa rotina a perpetuação da pobreza e a desestruturação familiar.
É triste, mas não desistimos. Trabalhos pontuais são importantes, mas precisamos cobrar mais.
Mas assim fazemos nossa parte.
Um grande abraço,
All3X
Letícia, pesquisa feita a anos atrás indicava que a maior parte dessas crianças, tinham responsáveis por elas. Mas, sinceramente, não sei se é valido tirá-las do seio da sua família, ainda que exploradas como são.A partir do momento que são encaminhadas para centros, abrigos, etc, começa a sua marginalização própriamente dita, pois isso gera sua revolta contra o sistema. Entendo que nosso problema é mais profundo, pois implica em necessidade de integrar a família como um todo. E é isso que deve ser feito, sob pena de, muito breve, situações mais complexas e penosas existirem.
Abraços!
Realmente, é ridículo ver as crianças e adols. que são o “futuro” trabalhando passando dia sem comer, sendo explorado não só no manualmente, sexualmente. São tristes os casos no Brasil, crianças são arrancadas e são contrabandeadas por altos preços, a militares, empresários e esses tipos de indivíduo, quem faz isso, faz pior.
Cç e adol. durmindo no chão mendigando a vida, isso não pode acontecer, vamos reagir gente, nós civicos, que defendemos os direitos da declaração universal vamos investir na educação “não só comida” como diz a musica, mas amor, afeto, e muito mais amor..
Devemos nos mobilizar e começar a tão grande mudança social.
Adorei o Blog Action Day 2008, Midia independente tá ganhando seu devido espaço, estão de parabéns..