No dia do descobrimento, um presentinho de Portugal para o Brasil

Criado por Letícia Castro em em 22/04/2008


Hoje é 22 de abril. Como todo brasileiro sabe, é o “Dia do Descobrimento”, ou, como resolvemos convencionar aqui no Babelpontocom, o dia em que Portugal invadiu o Brasil. Para não cair na velha perspectiva histórica, vamos lançar mão de uma abordagem única e de maior interesse para o público. Com base em dados pesquisados, informaremos a você, leitor, de quanto é, aproximadamente, a dívida que Portugal tem com o Brasil, em virtude do tempo em que fomos sua colônia e das muitas “coisinhas” que levou embora, sem a nossa devida permissão. Trata-se de uma estimativa extraída de cálculos feitos em cima da quantidade de ouro e diamante usurpada do nosso território, entre 1700 e 1801. Por que apenas nesse período e por que só ouro e diamante, quando também houve contrabando de pau-brasil e outros gêneros da nossa rica natureza? Porque a pesquisa se baseia no primoroso levantamento feito por Laurentino Gomes, em seu “1808”, obra que relata a chegada da família real portuguesa, há 200 anos. Contudo, o blog faz um apelo aos demais historiadores, pesquisadores, economistas, enfim, a quem se interessar, para ajudar-nos a ter um resultado ainda mais preciso, no caso de haver um estudo sério sobre o tema, a exemplo do que fez Laurentino.

Antes, um pouco mais sobre o profissional e sua respeitabilidade no meio. Laurentino Gomes é jornalista com pós-graduação em Administração pela USP e cursos nas universidades de Cambridge, na Inglaterra, e Vanderbilt, nos Estados Unidos. Tem 30 anos de profissão, trabalhou em veículos como o Estado de São Paulo e a revista Veja, dos quais chegou a ser editor e hoje dirige uma unidade da Editora Abril, sendo responsável pela publicação de 23 revistas. Nada mal para credenciá-lo e deixar claro que “1808” é uma obra embasada, fruto de anos de pesquisa séria e comprometida, além de ser leitura obrigatória sobre o assunto.

Agora sobre os números e como se chegou a eles. No capítulo “O império decadente”, Gomes relata que, segundo o que levantou, a partir de 1699, começaram a sair os carregamentos de ouro do Brasil rumo à Portugal. No período compreendido entre 1700 e 1801, quando os recursos começaram a ficar escassos, foi tirado o equivalente a 3000 toneladas do metal que, se convertidas em moeda local corrente, corresponderiam a aproximadamente 30 bilhões de reais. O autor também informa que, em 1729, com a descoberta de jazidas de diamantes na colônia, Portugal aumentou ainda mais a sua “renda”, somando a ela cerca de 3 milhões de quilates da pedra preciosa, extraídos entre meados do século XVIII e início do século XIX.

Fazendo a transformação, pela cotação do dólar comercial de hoje, segundo a “Folha de São Paulo”, no valor de R$1,66, os 3 milhões de quilates em diamantes, com o quilate sendo vendido em média a US$81, equivaleriam a US$243.000.000,00, o que corresponde a R$403.380.000,00. Adicionando os R$30 bilhões do ouro, temos: R$30.403.380.000,00 (trinta bilhões, quatrocentos e três milhões, trezentos e oitenta mil reais). Segundo dados recentes do IBGE, de 21 de dezembro de 2007, somos em 183.987.291 habitantes. Se dividirmos individualmente, cada um receberia pouco mais de R$165,00. Agora, se pensarmos coletivamente, o montante até que seria bem razoável para fazer uma porção de melhorias pelo país à fora. Com a assinatura da independência do país, todos os vínculos, assim como suas dívidas e créditos foram zerados, mas o Babel deixa a questão no ar e pede que, se houver uma maneira, alguém nos informe sobre como pleitear o bendito ressarcimento.

Agora passamos a bola para você, leitor, o que você acha que deveria ser feito, na sua região, se o país recebesse os seus R$ 30.403.380.000,00 de volta? Deixe sua resposta aqui nos comments.

“1808″, de Laurentino Gomes,
à venda nas livrarias,
preço médio = R$ 35,00

Comentários (13)
  1. Letícia Castro comentou, em 22/04/2008:

    Bom, vou puxar o cordão, porque esse até eu quero comentar!!!
    O que eu faria??? Huumm, os 165 não dão pra quase nada, então faria algo mais coletivo mesmo. Acho que pegaria tudo isso e investiria em saúde e educação, nos municípios com o pior estado do país. Seriam poucas as cidades atendidas, mas já resolveria uma parte da situação. Não sei, acho que daria para construir um hospital e uma escola, com todo o necessário em umas vinte cidades.
    Não é muito mesmo, mas é um grãozinho de areia.

    Beijos a todos os que comentarem!

    Letícia.

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  2. Marco Antonio comentou, em 22/04/2008:

    Coincidência, comprei esse livro ontem e estou aguardando a entrega.

    Estragou um pouco a surpresa.
    haha

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  3. gui_vieiraa comentou, em 22/04/2008:

    Adorei o texto excelente.
    Com 165,00 nem compro nada de tão legal assim, então apoiaria que com esses bilhoes fossem construidos hospitais, que no Brasil são uma vergonha!

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  4. Marco Antonio comentou, em 22/04/2008:

    E respondendo à pergunta no meu blog. O poema é meu sim..

    Só usei a banda pra fazer uma referência àquela fase.

    Bjs

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  5. Bruno Vox comentou, em 22/04/2008:

    Portugal, Portugal roubou e se deu mal.

    Discuto sempre com alguns portugueses que me xingam no meu vídeo sobre piada de portugues no youtube.

    Belo Blog

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  6. history- comentou, em 22/04/2008:
  7. gui_vieiraa comentou, em 22/04/2008:

    Nossa, que bom que gostou!
    É realmente sou apaixonado por escrever! E gostaria muito de visitar seu blog mais vezes. espero que possamos manter contato, vou te add add nos favortiso do meu pc. virei em busca de novidades, viu?!

    um grande beijo e obrigado pelo carinho =**

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  8. • crf mô comentou, em 22/04/2008:

    Opa ! Pagar todas as dividar externas é bom, err, educação, segurança !

    mts coisas xD

    mas msm c recebesse, vc acha q ia pra onde ? pense, estamos no brasil !

    governadores, deputados, pessoas da ‘elite’…bolsos deles sairam cheios, nao ! ^^

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  9. Fada Safada comentou, em 22/04/2008:

    Bom, Letícia, com 165 pilas (moeda gaúcha) não vou muito longe, mas com 30 bilhoes já dá pra

    *comprar um poder legislativo sério, coerente e prestativo.
    *Formar uma equipe do judiciário de primeiro mundo (incorruptível) e *acabar com os falsos politicos e empresários ladrões.
    *Investir (pra valer) em saneamento básico, educação e saúde.(sem direito ao uso destas para campanha eleitoral)

    *Campanha de desistímulo à mendicância e abolição das Bolsas Família (pra ganhar dindim tem que Trabalhar)

    *Universidades gratuitas e de primeira ponta, por ex.: aluno fraco perde a vaga depois de repetir x semestres, etc.

    Ah, arruma lá no fim do segundo parágrafo: “nada maU…”

    Abraços

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  10. Marcus Vinicius comentou, em 22/04/2008:

    passei aq pra retribuir a visita!
    muito bom seu blog!
    e q bom q vc gostou do meu!
    um abraçoo

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  11. Letícia Castro comentou, em 22/04/2008:

    Oi, fada safada, desculpa não ter comentado antes, é que o terremoto não deixou. Obrigada pelo comentário, mas é “nada mal” mesmo, com “l”, contrário de “nada bem”, é como qdo alguém te pergunta “como vc está?” e vc responde: “nada mal”, ou seja, “tudo bem”, entendeu? E nesse caso, o “nada mal” quis dizer que as credenciais do autor foram bem expostas, ou seja, mais uma vez como sinônimo de “bem” e não de “bom”. “Mau” significa “ruim”, “malvado”. Eu adoro que alguém me ajude com alguns tropeços do texto, mas desde que a correção esteja certa, né?

    Beijão e volte sempre!

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  12. Mariana comentou, em 23/04/2008:

    Eu deixaria sob a responsabilidade de um consultor financeiro. Do governo nunca!

    Ele saberia investir e lucrar com esse dinheiro.

    Pediria para ele focar na saúde e educação de qualidade.

    beijos

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  13. Marcos Costa Melo comentou, em 02/05/2008:

    Tudo deve tentar ser compreendido à luz do contexto da época, mas, de qualquer forma, acho risível quando vejo, principalmente na TV, as pessoas dizerem “países irmãos”.

    abs

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