O caos no trânsito de São Paulo: o metrô pode ser a solução

Criado por Letícia Castro em em 24/03/2008
Não é de hoje que o trânsito de São Paulo está, cada vez mais, inviável. Percorrer as ruas da capital em direção a qualquer lugar é, sem dúvida, tarefa de paciência.


Para agravar a situação, a frota de veículos, este ano, alcançou a incrível marca de 6 milhões de unidades (estimativas do Detran-SP) e a velocidade média do trânsito é 14 km/h. A maioria dos carros circula só com o motorista. O carpooling, alternativa usada pelos americanos de dividir o carro com outros, simplesmente não cola aqui: o dono do veículo comprou o carro e acha que tem direito à regalia só para si.

Restaria lançar mão do transporte público ou até da boa bicicleta, pois as motos já atrapalham bastante o trânsito também. O metrô, que poderia ser a solução de tudo, infelizmente, parece não ajudar.

Alternativas?

A grande megera mesmo é a deficiência do transporte público. Os ônibus levam um contingente mínimo, dentro da enorme demanda da cidade e, onde não há corredores específicos, circulam nas mesmas vias que os carros, contribuindo para a paralisação.

Quanto à CPTM, o uso apropriado dos trens só é possível com uma reforma. Não há condições de conforto e de segurança: estão obsoletos e em constante depredação. A fiscalização não é suficiente e a população enfrenta temor diário ao usá-lo. Além do mais, os intervalos entre um trem e outro podem chegar a até 20 minutos de espera.

Então, pergunta-se: por que o metrô, o melhor transporte público já inventado, não cobre, em São Paulo, a extensão que a cidade, de fato, necessita?

O metrô de São Paulo sai do nada e vai pra lugar nenhum

A verdade é uma só: o metrô de São Paulo não cobre as necessidades de trajeto da população. É uma malha construída para atender aos centros da cidade e de bairros populosos. A maioria dos usuários precisa tomar um ônibus para chegar a uma estação e, depois, muitas vezes, finalizar o percurso em uma terceira condução. Quem mora perto do metrô também é vítima da múltipla condução, pois alcançar o destino final é sempre um problema.

São Paulo é um centro amplo de diversão, lazer e cultura. Estranhamente, ícones do turismo ficam de fora do circuito metroviário. Alguém já foi ao Parque do Ibirapuera de metrô? A Vila Madalena já conta com a sua própria estação, mas quem teve que andar da Heitor Penteado até os bares e restaurantes, não o fará de novo sem o carro.

Se você for o típico paulistano que “adora um shopping center”, corte do roteiro o Morumbi, Ibirapuera, Iguatemi, Eldorado, Villa-Lobos e Anália Franco, os mais badalados da cidade. A menos que não vá de metrô.

A USP sofre do mesmo mal. Não conta com uma linha de metrô para seus campi, no Butantã e na Zona Leste. São servidos apenas pela CPTM, também distante. Alunos e funcionários completam a viagem em outro transporte. A construção da Linha 4, a Amarela, não vai resolver o problema. A futura Estação Butantã apenas receberá os ônibus vindos da USP, ou seja, a Universidade de São Paulo vai continuar sem metrô.

Mais felizes estão os chilenos

O metrô de Santiago, no Chile foi inaugurado em 1975 (o de São Paulo é de 1968). Tem 85 km, 84 estações e pouco mais de 2 milhões de pessoas viajam diariamente. Em São Paulo, são mais de 3 milhões de passageiros/dia, em 61,3 km e 55 estações. A matemática é simples: os chilenos transportam 1 milhão de pessoas a menos e contam com 20 km a mais de cobertura, em uma cidade com menos da metade da população e do território.

Veja o mapa do metrô no link http://www.metro.sp.gov.br/redes/mapa.pdf. Parece ser uma rede bem abrangente, não? Agora, considere apenas as linhas reais do sistema (a azul, a vermelha, a verde e a roxa). As demais são da CPTM (trem) e da EMTU (ônibus), ou seja, de metrô mesmo, há muito pouco. E o usuário conhece bem a diferença entre os serviços: a segurança, o tempo de espera e o conforto em cada um deles são bem distintos.

Non ducor, duco*: mas a realidade é dura

Tudo isso seria quase inacreditável se dia-a-dia, ao tomar o metrô, não nos déssemos conta, na pele e na alma, do descaso e mau emprego do dinheiro público. E as atuais obras de expansão, com prazo de conclusão para 2010, há pouco mais de um ano deixaram abertos buracos e feridas pela cidade, para quem perdeu casas e conhecidos. E, na verdade, chegam tardiamente na maior megalópole do hemisfério sul. Pelo menos, uns trinta anos.

São Paulo, por tudo o que representa, merece mais e melhor e o trânsito, na capital, podia ter ao menos uma chance. No país do futebol, resta esperar que, para a Copa de 2014, com as exigências da FIFA, haja um metrô mais decente e à altura dos passageiros que o sustentam. Estes, já colaboram generosamente quando pagam, todos os dias, uma das tarifas mais caras do mundo, pelo uso de um sistema que deixa muito a desejar.

*Lema do Estado de São Paulo, em latim, grafado na bandeira, que significa: “Não sou conduzido, conduzo”.

Comentários (7)
  1. Luciano comentou, em 25/03/2008:

    Estou de acordo. O aumento da malha metroviária é medida de urgência a ser implementada na cidade.

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  2. Marcos Antônio comentou, em 25/03/2008:

    Sem dúvida. O metrô é confortável, com mais estações seria perfeito!

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  3. Carla Rodrigues da Silva comentou, em 25/03/2008:

    Mais ainda vai demorar muito. 2014? Puff!!!!

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  4. Vinicius comentou, em 27/03/2008:

    Vai, mas demora!
    Pelo menos já anunciaram uma outra linha do metrô, a linha 6 que ligará a Freguesia do Ó ao Oratório – Ipiranga. Previsão para estar em funcionamento 2012. Até lá haja paciência!

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  5. Bárbara Soares comentou, em 28/03/2008:

    Tá difícil se locomover em São Paulo!!!
    Acho que devemos começar a considerar a idéia de usarmos patins !!!

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  6. Horácio Klazer comentou, em 28/03/2008:

    Metrô, metrô e metrô!
    É a maneira mais inteligente e ecologicamente correta de se melhorar o trânsito na locomotiva do Brasil.

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  7. Aprenda a Divulgar Seu Site. comentou, em 31/05/2008:

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