BBB8: the day after

Criado por Letícia Castro em em 26/03/2008
Terminou na noite de ontem a oitava edição do Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo de Televisão. Uma das que rendeu menor audiência à casa, que teve que lançar mão de novos instrumentos (Big Phone, “paredões triplos”) para se agüentar durante os três meses de reclusão.

A final, que teve o show da cantora Pitty e sua banda, não empolgou o telespectador e acabou brindando a direção com o segundo menor Ibope da história do programa (46 pontos, contra os 45 do BBB2).

Aliás, tudo no show de ontem foi, no mínimo, meio esquisito. A começar pela confusão nos cortes de câmera que não sabiam se focavam a Pitty ou o Bial, deixando o apresentador com expressões confusas no rosto, de “não sei o que fazer”. Depois, a história do encerramento da votação: o site do BBB deu pane e, na suposta hora de encerrá-la, a mesma foi estendida por mais um minuto, devido a um suposto “empate técnico”.

Ao contrário do que aconteceu em outras finais, nenhum BBB eliminado foi entrevistado ou teve direito a se pronunciar: ficaram de coadjuvantes, curtindo o show da Pitty, enquanto assistiam ao programa, tudo de uma maneira muito fake, quase fingida. A verdade é uma só: não emocionou. Não o tanto que se esperava depois de uma disputa ferrenha de internautas pelo candidato favorito.

A peleja virtual

A internet pegou fogo nesses dois dias de paredão final. Os maiores portais abriram votação para saber a preferência do público e as atualizações eram instantâneas. Na UOL, o campineiro Rafinha sempre esteve à frente, com um índice pequeno de vantagem; no Terra, a mesma coisa acontecia em favor de Gyselle, do Piauí. Grupos de discussão, blogs, fóruns, todo mundo opinando sobre quem deveria vencer o reality mais famoso do país. Até que a contenda alcançou outras esferas.

Na manhã da segunda-feira, véspera do paredão, em seu programa Mais Você, a apresentadora Ana Maria Braga declarou que não entendia como Gyselle havia chegado à final, já que não tinha feito nada na casa. No mesmo dia, mais tarde, o senador conhecido como Mão Santa (PMDB-PI) foi ao plenário pedir votos para moça (veja trechos do discurso no link http://www.180graus.com/home/materia.asp?id=109374 ). Foi o suficiente.

A partir daí, mais uma batalha da “Guerra de Secessão tupiniquim” tomou a cena e quem estava contra Gyselle, estava contra o Piauí e o Nordeste. Espaços abertos nos portais e milhares de pessoas dizendo o que pensavam, quem deveria ganhar, insultos pra lá e pra cá e, novamente, uma triste mostra da cizânia criada desde a primeira eleição de Lula: norte e sul se engalfinhando por uma questão que não acrescentaria nada a nenhuma das regiões, não importando o vencedor. Uma verborragia preconceituosa de ambos os lados. Foi feio. Feio e triste, para dizer pouco. Rende uma análise muito profunda e renderia também muitos pedidos de desculpas das duas partes. Que cada parte tenha lá os seus bairrismos é até saudável, mas o que se leu pela rede é desconcertante (veja algumas pérolas nessa página da UOL http://forum.bbb8.blog.uol.com.br/arch2008-03-23_2008-03-29.html#2008_03-24_10_51_12-8953204-0 ). Assim como foi vergonhoso ver o Senado da República ser usado para tais fins. Será que estamos mesmo fadados a um período histórico de sombra, com o máximo da vergonha nacional?

O resultado é válido?

Aparte de toda essa celeuma, o resultado da disputa, qualquer que fosse, estava destinado a não agradar. O percentual de vantagem que fez Rafinha levar o prêmio de R$ 1 milhão foi de 0,15%. A diferença traduzida corresponde a mais de 110.000 votos, dos cerca de 75 milhões obtidos, número informado pela própria Globo, durante o programa. E essa margem, segundo a emissora, foi tirada no um minuto extra que houve de votação, já que os dois participantes estavam empatados até então. Tudo muito nebuloso e difícil de calcular para o telespectador comum.

Não se questiona o merecimento de ambos (ou a falta dele). É que fica um cheiro de conspiração no ar. A participante Gyselle vinha num crescendo de boatos duvidosos sobre sua vida na França e o que fazia por lá. Pouco se soube além do fato de já ter vencido um reality, depois que conseguiu seduzir um homem casado, na versão francesa do programa Ilha da Tentação. Chegou-se a dizer que, entre os tidos affairs no exterior, estava um diretor da Endemol, produtora holandesa que criou o Big Brother. De certo é que ela namorou um produtor do “Ilha” e chegou a sair ao seu lado em revistas francesas. Já Rafinha, o roqueiro “emo” de Campinas, entrou na casa como vendedor de verduras e músico, mas foi acusado, algumas vezes, de playboyzinho disfarçado, principalmente pelo psiquiatra Marcelo, participante eliminado por ele em um dos paredões.

Hoje, um dia depois do rebuliço, Rafinha está milionário e Gyselle certamente se aproveitará de toda a divulgação para, a exemplo de outras participantes, alcançar a cifra em pouco tempo. O que é de se lamentar é que, para tanto, o país tenha que sair arranhado depois de mais uma discussão inútil sobre quem merece o quê em território nacional. Norte ou sul, fazemos parte de uma mesma nação, com todos os seus ônus e bônus (expressão de uso fácil durante o programa). Vamos apenas torcer para que, da próxima vez, a briga fique apenas na televisão.

Comentários (6)
  1. Luciano comentou, em 26/03/2008:

    Estou completamente de acordo com texto postado. A disputa que deveria ser dentro de um programa de televisão ganhou um vulto assustador. O pior é saber que ao invés de discutir-se (inclusive no Senado Federal) políticas sociais visando a melhora desta grande nação, discutimos sobre um programa de televisão! Triste conclusão: a cultura do brasileiro é aquilo que passa na TV.

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  2. Glaucio comentou, em 27/03/2008:

    Eu não gostei do jeito da Gisele!
    Ela não fazia nada e ainda era grossa, sem educação!
    Gostei da vitória do Rafinha, acho que foi por pressão.
    Maneiro o texto.

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  3. Wellington Bautista comentou, em 29/03/2008:

    O Rafinha mereceu!
    O cara foi o tempo todo ele mesmo. A Gisele é muito falsa.
    Valews! ‘té mais.

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  4. Solange Tristán comentou, em 29/03/2008:

    Gostei do texto, mas não gostei do resultado do BBB.
    Queria que a Natália tivesse ganhado.:(
    Ela sim foi uma gracinha durante o programa.

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  5. Silvia comentou, em 29/03/2008:

    Ainda bem que esse programa terminou, não o assisto porque ele me emburrece com tantas asneiras que fazem para tentar manter o IBOPE lá em cima, mas escuto os comentários e cá entre nós não aguentava mais.
    Com muita propriedade você escreveu sobre o tema.
    Parabéns querida!!!

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  6. Hugo Filho comentou, em 02/04/2008:

    Foi difícil mas o Rafinha ganhou!
    Agora a Globo vai alterar o peso dos votos.
    Vamos que vamos, abraço.

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